Quando dizia para os meus botões que já admitia saber o que é ser pai, eis que constato que já era avô...
Coisas da vida, afinal. já que nada tem de novo esta reflexão praticamente simultânea, digo eu.
Mas apetece-me partilhar com quem me lê, aquilo que me ocorreu na ocasião em que me confrontei com a situação vivida em frente de um espelho.
Um minuto - ou terá sido uma hora? - depois, veio-me à ideia uma história antiga que atrelei às atitudes que correspondem a cada um destes parentescos.
Quando era ainda e apenas pai, um lavrador chinês é posto perante uma estranha pergunta do seu jovem filho, que sentado-se à sua frente com as mãos nas costas, lhe fala assim: Meu pai, este passarinho que tenho escondido nas minha mãos está vivo ou está morto? O homem carregou o sobrolho e entre alguns conselhos e repreensões, não soube muito mais que dizer, pois que entendeu que a sua resposta determinaria o destino da pequena ave.
Se dissese que a ave estava viva, o filho matá-la-ia e o pai teria errado a resposta. Se, pelo contrário, respondesse que esta estava morta, o filho libertá-la-ia e o pai acabaria por errar também. Já avô, este lavrador foi de novo posto à prova do passarinho, desta feita pelo seu neto.
Posta a a pergunta, este respondeu como responderiam todos os avós: Meu filho, o passarinho... está nas tuas mãos.
É bem verdade que quando morre um ancião, é uma biblioteca que desaparece.
Força, Manuela! Espalha extintores à tua volta.
Um abraço.
Álvaro Nazareth